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22/03/2022 - Canal Rural
INCERTEZAS E CERTEZAS DO MOMENTO ATUAL PARA O AGRONEGÓCIO. O CASO DO AÇÚCAR E ETANOL.

INCERTEZAS E CERTEZAS DO MOMENTO ATUAL PARA O AGRONEGÓCIO. O CASO DO AÇÚCAR E ETANOL.

22 de março de 2022 às 16h32

Aproveitando a oportunidade de imposto nulo de importação, devo adiantar que não deverão ocorrer importações de açúcar e etanol, por este motivo, no curto prazo. Isto porque nosso açúcar tem preço menor ou igual ao do concorrente externo. Além disso, o etanol dos EUA, nosso principal fornecedor do produto, está caro, o que inviabiliza importações.

Muito se tem falado e escrito sobre as incertezas do momento. Esta condição nublada de baixa previsibilidade decorre da guerra da Ucrânia-Rússia e do Covid 19, que está voltando pela terceira vez.

Esta guerra, a rigor, duplicou o efeito perverso do Covid 19 com um agravante : destrói, além de vidas humanas, bens materiais (ativos produtivos e patrimônio pessoal) e reduz a capacidade de produção no médio prazo. O Covid destrói vidas, com consequências humanitárias e psicológicas as piores possíveis, e reduz a capacidade produtiva no curto prazo.

É um momento péssimo para a formação de expectativas para a atividade econômica e o bem estar das pessoas.

Meus comentários abaixo tomam como base um cenário de que não vamos partir para a Terceira Guerra Mundial, cujo desfecho final só Deus sabe. Estamos supondo que a guerra Ucrânia – Rússia chegará ao fim com algum acordo entre as partes. Contudo, devemos considerar que os altos custos decorrentes deste conflito serão sentidos no futuro mediato (médio prazo).

As certezas ? quais são?

O preço das commodities, particularmente nos setores de energia e alimentos, estão altos e devem continuar altos no médio prazo. A restrição de oferta tem acontecido mais rápido que a restrição na demanda e a redução de estoques faz algum ajuste de curto prazo neste desequilíbrio de oferta-demanda.

Esta condição de mercado dará bom suporte para os preços destes produtos e vai favorecer exportações. O dólar americano, que está valorizado, deve continuar assim e as outras moedas, desvalorizadas, reforçam o movimento das exportações. O fato do Real estar valorizado é uma exceção, que pode ter vida curta, devido às eleições no Brasil e ao aumento da taxa de juros americana.

Ou seja, países exportadores de commodities devem ver receitas das empresas exportadoras relativamente altas.

o que fazer para conviver com as incertezas?

Atitudes defensivas são bem-vindas para a preservação da atividade econômica e do patrimônio pessoal. Atitudes especulativas são possíveis e de alto risco, considerando que a volatilidade de preços dos mercados é alta e o cenário econômico é indefinido.

Tem sido desfavorável à atividade econômica e ao padrão de vida da população a inflação crescente, fruto deste contexto desafiador que comentamos. Neste ambiente, os custos de produção e logística são crescentes e ameaçam o resultado dos negócios e reduzem o padrão de vida das pessoas.

O que pode e tem sido feito para mitigar este risco é a compra antecipada de insumos em mercados de futuros (hedge de compra). As receitas podem também ser protegidas (hedge de venda) e o lucro ser definido antecipadamente. Neste momento, o hedge de compra parece ser mais urgente.

Contratos de longo prazo com fornecedores confiáveis devem ser também considerados. Com isto se garante o suprimento sem necessariamente garantir o preço de compra, que pode ser variável conforme o mercado.

E o negócio de cana que produz açúcar e etanol?

A certeza neste momento é de se ter em 2022/23 uma safra de cana de açúcar maior no Centro-Sul do Brasil, responsável por cerca de 90% da produção brasileira. A razão deste crescimento é a melhora das condições climáticas, com poucos investimentos em expansão de área plantada.

Quanto maior? As estimativas atuais sinalizam 6% – 7% acima da safra anterior.

Quanto a preços e custos os comentários feitos anteriormente para o agronegócio como um todo se aplicam integralmente. Cabe destacar que é provável uma nova safra de bons resultados econômicos, tal como ocorreu nas duas safras anteriores. E a capitalização do setor deve continuar, favorecendo sua consolidação e competitividade.

Não se pode descartar o risco para o setor representado por um aumento de custos maior que o aumento dos preços de venda dos produtos. Tudo vai depender do imponderável: qual a solução final para a guerra Ucrânia-Rússia. Este risco inibe investimentos e o hedge de venda das novas safras.

A JOB Economia estará realizando no próximo dia 13 de Abril um evento on-line para discutir as perspectivas para a próxima safra 2022/23. Estaremos avaliando com mais detalhes produção, preços e custos.

Saúde a todos. Que o Deus brasileiro se torne global.

 

Julio Maria M. Borges        Sócio-Diretor da JOB Economia e Planejamento.

Conselheiro de Administração.

Email: julioborges@jobeconomia.com.br            Site: www.jobeconomia.com.br

 
 
 
 
 
 
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